
A atual capital dos gaúchos já foi conhecida como Porto de Viamão, Porto dos Casais e outros nomes antes de ser chamada de Porto Alegre, evidenciando desde sempre a relação da região com a água que a cerca: no caso, o Guaíba. Na verdade, se considerarmos que, na cartografia dos séculos XVII e XVIII (e até princípios do XIX), o Lago Guaíba e a Lagoa dos Patos – que, na verdade, é uma laguna – eram denominados, conjuntamente, de “Rio Grande”, podemos entender que o próprio nome do estado, Rio Grande do Sul, nasce dessa relação com o manancial.
No sentido geológico, a história do Guaíba se inicia há mais de 400 mil anos, com a primeira transgressão marinha que inunda a planície regional e deixa os morros de Porto Alegre ilhados. As sucessivas variações do nível do mar dão forma ao Guaíba, que, através da Lagoa dos Patos , mantém um elo indireto com o Oceano Atlântico, o que, posteriormente, serviu de rota de entrada para os colonizadores chegarem e povoarem a região. Em sua configuração final, o Guaíba se estabelece como parte de um sistema lagunar, juntamente com outros grandes corpos hídricos, como a Lagoa dos Patos, a Lagoa do Casamento e a Lagoa Mirim, influenciando mutuamente os níveis uns dos outros.
O nome Guaíba (Guahyba, do tupi-guarani, língua dos antigos moradores da região) pode ser traduzido como “encontro das águas”, em razão da convergência de seus afluentes. Além de 27 arroios situados em Porto Alegre, o Guaíba recebe a maior parte do seu volume de água de quatro grandes rios: Rio Jacuí (com 84,6%), Rio dos Sinos (com 7,5%), Rio Caí (com 5,2%) e Rio Gravataí (com 2,7%), abrangendo uma área de drenagem que compreende 1/3 do território gaúcho e confirmando sua exuberância e importância para todos nós.